sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sonho.

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Caíram as cortinas. A babá por cima delas.
A criança ri sem parar das babaquices que o mundo tem.
A babá levanta rindo, ri o pai, a mãe e os irmãos, só não riram os vizinhos. Sãos anciãos!
A criança já não ri. Chora... Fome? Medo? Não, preocupação! A babá caiu no chão.
Braços dados, cabeça, pescoço. A criança, a babá. Baba na babá da criança babona.
Banho, roupa, cama. Babá cuida da criança. Ri, embalança. Sonho... acorda babá, tú não tem baba nem criança.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Conto:

Utopia
 

As manhãs no interior da Bahia já não eram tão molhadas, a poeira tomava conta do vento. As folha de verde amarelavam e caiam na primavera-verão do sertão. O sol que nascia mais cedo, já vinha quente como o pingo do meio dia, todos acordavam muito cedo não por ter de levantar, mas pelo calor das 5 da manhã. O cantar da vassoura a varrer o terreiro da casa era ouvido, e o costume de acordar com esse som era bom sinal, a mãe já estava acordada. Ele acordou tão ligeiro, e lembrou-se do dia anterior, as lágrimas ainda molhavam sua face, seus olhos vermelhos, as olheiras o deixava com semblante abatido. Levantou-se, banhou-se, tomou o mesmo café matinal e foi ao seu trabalho. Por morar próximo ele sempre caminhava até lá. Seus pensamentos corriam mundo a fora como as águas no percurso de um rio, e ia de encontro ao garoto que ele tanto amava, a lembrança de sua face o fazia ri e sussurrar algo que somente ele poderia ouvir, talvez ele nem falasse só pensasse que o fazia. Tentando segurar as lágrimas ele procura um outro pensamento, mas seu sub-consciente não é dominado, e as palavras, a voz, o rosto tudo que ele mais ama naquele garoto vêm em sua mente. Ele sentia no peito uma dor, medo de perder, uma angustia já mais sentida. Sabia que não podia fazer muito, pois a distancia não o permitia lutar como queria, suas armas eram fracas, e apesar de seu amor ser muito grande ele não sabia por que sentia tamanha falta de capacidade. Estava a perder seu verdadeiro amor? Ele se via confuso, não sabia o que fazer. Continuava andado na rua, mas não via o caminho, pois ainda estava a pensar em cada momento desde a primeira vez que viu a foto de seu grande menino. Emocionado ele não consegui mais caminha e com lágrimas nos olhos ele encosta-se na parede, sua mão suavemente desliza a parede e ele vai descendo como se suas pernas não mais existissem, sentado no chão com a cabeça baixa sobre os joelhos não contem suas lágrimas. As pessoas que por ali passam, parecem nem o ver, e ele nem parece saber onde estava, ali mesmo ele adormeceu. Quando acordou conseguiu reerguer-se, minutos mais tarde, olhos dilatados, face sóbria, continuou a caminhar. Trabalhou o dia inteiro. Não deu uma palavra se quer, mas pensou muito, e desnorteado ao fim da tarde retornou a sua casa. O sol descia poente, e a lua tão dourada vinha nascente. A porta de sua casa, sua diz  com um sorriso largo que tinha uma surpresa em seu quarto, sem dá muita atenção ele sorri sem nenhum animo, e segue até o quarto. Ele ver aquele corpo, deitado a dormir. No quarto tinham três malas. Sua face de consternação, vem a contentamento. Contemplando aquele garoto, deitado em sua cama, ele chora, mas agora não mais de dor. Chora de felicidade, é como se ele tivesse agora a certeza que vivia, que não mais morreria sem ter quem tanto amava ao seu lado. Ele sentou-se no chão com a cabeça sobre a cama, suas mãos acariciavam os cabelos de seu amado, aquela face tão angelical, seu desejo de fazê-lo feliz agora aumentara. Ali mesmo sentado no chão com as lagrimas inescrupulosas com a mão na face de quem tanto amava ele dormiu. E só acordou no dia seguinte muito cedo, sorriso radiante, face suave, não havia mais tensão em sua expressão. Espreguiçou-se e sentou na cama, mas não viu nenhuma mala no quarto, estranhou aquilo, saiu do quarto perguntou a sua mãe por ele, mas ela sem saber do que se tratava perguntou se o filho havia sonhado com algo. Foi então que caiu sua ficha, ele nada falou, abraço-se com a sua mãe e pôs-se a chorar, um pranto que parecia ter perdido alguém pra sempre. Voltou a sua cama, sentou-se e não mais levantou naquele dia. O sol já estava alto, a poeira do sertão cobria o mundo como uma neblina. Ele não levantara ainda, mas seus pensamentos continuam seguindo como o percurso de um Rio.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Águia



A águia ao completar quarenta anos de idade tem duas alternativas, recolher-se num canto e morrer, tendo em vista que suas unhas estão cumpridas e tortas demais  para agarrar a presa, e seu bico igualmente às unhas torto e curvo demais. Suas penas atrapalham, e comprimem o peito e até dificultam a respiração. A esta primeira alternativa diante da velhice ela pode se resguardar para a morte certa, ou, pode optar pela segunda alternativa: Ela poderá arrancar com muita dor as penas velhas que tem, quebrar suas unhas nas rochas e igualmente bater com seu velho bico no rochedo até que ele se quebre dando lugar a um novo bico que nascerá em alguns dias. Arrancado tudo isso, ela deve se isolar num lugar onde não tenha predadores e que tenha também, algum alimento fácil, pois não poderá voar até que nasçam suas novas penas. Se ela passar por esse sacrifício, terá mais quarenta anos de vida, em virtude de seu bico novo, suas penas, suas unhas e sua coragem de querer realmente viver.